lidando com o inglês.

É uma experiência completamente diferente estudar uma língua em seu país de origem. Aqui em Londres eu percebi como eu tive uma base boa de estudos no Brasil. Vou fazer propaganda mesmo: estudei no Mai English por uns 4~5 anos e o método de estudo é idêntico ao da escola que eu estudo aqui, que é a melhor de Londres.

Outra coisa que me ajudou muito foi ter vindo para cá com um tempo maior de estudo de inglês. . Claro que toda experiência vale a pena, mas acho que dá para aproveitar muito mais quando se sai do seu país de origem mais seguro quanto à língua. Ao invés de ser traumático para mim não entender o que as pessoas falam (o que acontece, suponho, em níveis mais básicos), eu sinto que cada dia eu aprendo algo novo. Ao invés de sentir que estou ouvindo alguém falar grego, eu sinto que estou lapidando o que já sabia antes e aprendendo mais e mais. É uma sensação muito boa.

Ao mesmo tempo eu percebo que tenho um longo caminho ainda de estudos. Uma coisa engraçada que aconteceu nessa semana: eu e minha colega de curso estávamos falando do comportamento de um dos alunos da nossa escola. Não é que estávamos falando mal da pessoa, mas estávamos criticando, certamente. Porém, por parte das duas, faltava o domínio de certo vocabulário para suavizar o que estávamos falando e não soar muito rude. Uma hora minha colega falou: “Olha, na minha língua isso soaria melhor, mas eu vou tentar falar assim mesmo.”. A minha dificuldade aqui é exatamente essa: encontrar aquela palavra perfeita para certos contextos. Usando o inglês no Brasil eu não sentia isso, e aqui isso é muito forte, como eu sinto necessidade de uma variedade maior de vocabulário. Às vezes fico até me questionando se meu inglês piorou, por causa disso. Enfim…

Por isso fico tentando absorver novo vocabulário. Estou sempre com um romance na bolsa, leio os jornais do metrô. E as coisas que já fazia no Brasil, leio websites em inglês, vejo séries, filmes sem legenda, essas coisas. A diferença agora é que tenho um caderninho de vocabulário, que anoto tudo com a definição. Vamos ver se ajuda e se eu consigo levar isso adiante.

Outra coisa que tem sido interessante é o sotaque. No Brasil, eu estudei o sotaque americano. Minha professora daqui tem o sotaque de Kent. Minha host parece que tem o sotaque de Oxford. Na sala de aula e em casa, tem sotaque de coreano, japonês, espanhol, suíço, chinês. E na rua tem sotaque do mundo inteiro. Quédizê, é muito sotaque, minha gente. Hoje na aula, por exemplo, a professora escreveu no quadro ‘territory’ e perguntou como se pronunciava. Eu, prontamente, já larguei um teRItóRi, bem americano. Ela: ‘não, não.. é teRitRí’. Então, mesmo palavras que eu conhecia antes, eu estou reaprendendo por causa do sotaque.

Engraçado que, sem o menor esforço de minha parte, meu sotaque tem mudado pro britânico. Ás vezes porque aprendo a palavra nova assim, ou então porque estou incorporando mesmo o sotaque. Agora eu falo uotá ao invés de uórêr (water). Então, virou um samba do crioulo doido o jeito que eu falo. Fora a interferência também do sotaque dos outros intercambistas. Mas isso é legal também, como disse minha host, tem mais estrangeiro que inglês aqui, então eu tenho que ser capaz de distinguir todos os jeitos de se usar a língua.

E claro.. Não falo português aqui com ninguém. Por sorte minha, não tive afinidade com nenhum brasileiro até o momento, então não recorro ao português nunca. O que eu tenho que melhorar ainda é ficar um tempo menor em Facebook, Gmail, Twitter, que majoritariamente estão em português e converso todo dia com amigos e família. Mas.. Enfim, um pouquinho de português não faz mal a ninguém.

 

3 comments
  1. reynerpianista said:

    “Uotá” é maravilhoso! Adorei!

  2. lunacaifan said:

    Qual é a escola que você estuda?!

    • Mai English. Talvez você não conheça porque não tem em Brasília.

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